O novo futebol brasileiro!

Com muito atraso, quase um ano após o vexame na Copa do Mundo, a Confederação Brasileira de Futebol resolveu consultar profissionais que entendem do esporte mais popular do mundo tentando encontrar uma solução para o declínio técnico que vive o futebol brasileiro. São várias as idéias para resgatar e reconstruir o nosso combalido futebol. Uns querem alterar o sistema de formação nas bases dos clubes, outros querem a padronização do tipo e tamanhos dos gramados. Tem até gente que pede uma mudança na Lei Pelé.

As propostas, ainda bem, também passam pela ideia de qual modelo de jogo deveremos adotar para enfrentar as grandes seleções mundiais. Digo ainda bem pelo fato de atentarem ao motivo principal dessa discussão: vamos conviver com uma eterna cópia dos europeus ou iremos resgatar o verdadeiro futebol brasileiro que trilhou pelos caminhos das vitorias e do jogo bonito? Particularmente, entendo que copiar os europeus nunca e jamais dará certo.

Nós possuímos a nossa própria identidade futebolística. Se fomos pentacampeões, nos transformamos nos maiores vencedores em termos de mundiais utilizando nossos talentos, por que resolvemos mudar? Por outro lado, quando ousamos copiar sistemas europeus, fizemos fiascos. Andamos na contramão.

Concordo que a solução está na formação. As bases dos clubes são e sempre foram os grandes celeiros de nossos craques. Contudo, algo se perdeu no meio da estrada. Há necessidade de privilegiar a técnica em detrimento da força física. É preciso que haja uma fixação de jogadores no Brasil antes de jogarem e serem formatados mentalmente na Europa. Quando falo em formatação mental, me refiro não apenas aos sistemas (quadrados) de jogo, mas sim da realização profissional e financeira do atleta.

Alguns modelos adotados na formação de atletas — dentro dos clubes e/ou nas escolinhas de futebol — contribuem em muito para o empobrecimento técnico dos futuros jogadores. Creio ser totalmente equivocado ter pessoas despreparadas para ensinar como se deve jogar futebol. Penso ser muito mais produtivo que, ao invés de professores de educação física (que podem eventualmente ser), as bases sejam administradas por ex-jogadores (desde que preparados para a função, obviamente).

Outro equivoco é trabalhar com a garotada pensando e jogando para ganhar títulos. Esquecem-se desta maneira os princípios básicos da formação: descobrir talentos. De outra forma, privilegia jogadores de porte físico avantajado, muita força física (aliás, é o que procuram os agentes do exterior) e a técnica esvai-se pelo ralo. Entretanto, ao buscar “craques” urgentemente, as qualidades técnicas que deveriam ser aprimoradas são deixadas de lado. Assim, quando o atleta chega à fase adulta dará esse vexame que verificamos atualmente por ausência total de fundamentos básicos para pratica do futebol.

Entretanto, não vejo que empresários de futebol que investem para descobrir e fabricar atletas estejam errados, não os critico. Afinal, o principal objetivo é revelar um jogador e produzir receita rapidamente. O trabalho é realizado em ritmo de produção “Fordeana”. Errados estão os clubes que transferem as suas responsabilidades para terceiros e depois reclamam que não têm participação dos direitos de os jogadores formados.

É necessário criar novamente identidade em nossos atletas. Vale lembrar que antigamente um jogador de futebol sonhava em jogar na Seleção Brasileira. Hoje eles desprezam a seleção e seus principais objetivos são promover rapidamente suas independências financeiras. Até ai nada contra, porém, se esses são os objetivos, jamais podem ser chamados para defender a camisa canarinho sem ter o mínimo de comprometimento. Precisamos mudar os pensamentos e os ideais dos nossos futuros jogadores. Só assim voltaremos a ser respeitados no cenário mundial do futebol.

 

Edilson

Vexame parte dois! A missão

O que dizer do desempenho da Seleção Brasileira na Copa América do Chile? Se tínhamos uma preocupação com a Argentina, Chile, Colômbia, agora nossos medos estão concentrados em ficar fora da próxima Copa do Mundo, pois somos inferiores tecnicamente até do time da Venezuela. Alem da humilhação de ser mais uma vez eliminado pelo “excelente” time do Paraguai – que depois levou seis da argentina – a nossa 5ª posição do ranking mundial deve ser mais uma vez alterada.
Mais uma vez, com essa total falta de interesse dos mandatários da Confederação Brasileira de Futebol em promover uma ampla reformulação no nosso futebol, quem surge são os “acadêmicos do futebol” com suas soluções prontas para salvar o nosso futebol. Fazem de tudo o que já fizeram depois dos 7 a 1.
Reitero que concordo com mudanças na estrutura da CBF. Que haja a necessidade de um melhor planejamento esportivo para as próximas competições. Que o modelo de gestão adotado pelos clubes, com amadores no departamento do futebol, não seja o ideal.
Também concordo que os modelos de formação de jogadores adotados dentro dos clubes — obviamente se estão falando em um projeto de futebol — estão totalmente equivocados. Agora, se a ideia é formar por formar e logo colocar o atleta a disposição futebol mundial, tudo bem.
Hoje se reclama da entrada dos empresários no mundo do futebol captando jogadores nos longínquos rincões do Brasil. No entanto, a Lei Pele matou a formação de jogadores dentro dos clubes. A Lei proposta pelo Rei Pelé acabou modificando o pensamento e as ações de clubes e jogadores em relação aos objetivos de carreira. Jamais veremos jogadores comprometidos com um projeto de clube e principalmente de seleção, de fazer historia, de ser ídolo.
O objetivo principal — e ai não tem como discutir por vivermos no mundo capitalista – é ficar milionário e deixar seus empresários muito bem, também em pouquíssimo tempo. Como disse Emile Boundens, trabalhar com jovens é muito mais interessante e rentável que buscar jogadores consagrados. Não há preocupação com o futebol brasileiro e sim com retorno financeiro imediato.
Entretanto, é inconcebível que o clube deva entregar todas as decisões do departamento de futebol nas mãos de um gerente com amplos poderes. Assim como não consigo entender que a Seleção Brasileira esteja nas mãos de um empresário de futebol. Será que ele esta comprometido com mudanças na rota do nosso futebol ou apenas em abrir portas para futuros negócios? Particularmente, me ancoro nas palavras do Zico: “A Seleção Brasileira é um balcão de negócios”.
Não estamos falando de uma instituição séria e de conduta ilibada no caso da CBF. Logo, precisamos achar motivos para convocações de alguns jogadores: quem são Fred, Gefferson, Douglas Costa e Roberto Firmino? Eu respondo rapidamente: são jogadores que cumpriram “os seus objetivos” dentro da seleção na Copa America.
Além de não termos jogadores qualificados dentro de campo, querer que sejamos uma cópia do futebol europeu não passa de uma falácia e oportunismo. É irritante ver um time quadrado, sem talento, desorganizado e jogando feio e sem vontade. Eu odeio esses números de ônibus que os entendidos querem chamar de esquemas: “Nos jogamos no 3-5-2, 4-1-4-1, 4-2-3-1, duas linhas de 4 bem compactas com atacantes abertos pelos lados, jogamos com nossas linhas de 4 bem próximas e meus atacantes pelo lado fecham na segunda linha pra ajudar na marcação” e etc… Nossa. Quanto papo furado para encher linguiça e achar espaço numa entrevista.
É uma pena que as mudanças não são propostas com idéias de evolução e sim verdadeiros retrocessos. Só ganhamos alguma coisa quando fomos e jogamos o nosso puro futebol.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo

Atleta profissional ou “jogadô”?

Não é incomum verificarmos cronistas em acalorados debates sobre a qualidade do nosso futebol. Os saudosistas insistem em dizer que o futebol de antigamente era mais bonito e prazeroso de se ver, seja ao vivo ou pela televisão.
Há uma enorme discussão, verdadeira polemica entre os amantes do futebol arte para tentar descobrir se com este ritmo atual de jogo, com o aprimoramento físico, um jogo mais corrido que jogado, craques como Pelé, Garrincha, Franz Beckenbauer, Puskas, Eusébio e etc. jogariam nos dias de hoje.

O esporte mais popular do mundo há tempos deixou de ser uma pratica de “boleiros” nos finais de semana. Nos dias atuais, não basta ser craque, tem ser um verdadeiro atleta profissional de futebol. Baladas, bebidas, cigarros e mulheres bonitas sempre fizeram e ainda fazem parte da historia dos profissionais do futebol.

Em outros tempos, a falta de profissionalismo dava abertura para talentosos jogadores sobreviverem na profissão. Era outra realidade, que privilegiava a técnica; o físico nem tinha tanta importância, pois a dinâmica era outra, completamente diferente.

Por certo, vivemos outro momento, em que o futebol alcançou um patamar muito elevado. Não é permitida a presença de curiosos, amadores e os conhecidos “boleiros”.
Quando falamos de futebol, estamos falando do maior esporte de massa do mundo. Falamos de um negocio que movimenta um volume incontável de recursos financeiros em todos os processos até que a bola comece a rolar dentro de campo. Essa máquina não pode parar simplesmente porque uma parte da engrenagem (o jogador) deixa de funcionar, simplesmente por uma bebedeira ou algumas noites sem dormir.

Obviamente, ser jogador de futebol profissional é um privilegio para poucos. Poucos conseguem. Muitos sonham em estar na mídia, ter belos salários, status. A consequência desse sucesso é o surgimento de muitos “amigos”, muitas facilidades e cobiça alheia. O resultado disso quase sempre é um desvio de conduta profissional.

Então, sugiro que os clubes, quando da formação de novos jogadores em suas respectivas categorias de base, procurem dar informações que sirvam para formar homens que possam se transformar em verdadeiros atletas profissionais a serviço de seus clubes e menos “boleiros” preocupados apenas com diversão em baladas.

Mas retomando a discussão, das diferenças do futebol antigo com muita técnica e sem muita preocupação com a preparação física, da existência de jogadores de futebol e da inexistência de atletas profissionais. Posso assegurar que, em termos técnicos, os jogadores que fizeram sucesso no passado jogariam nos dias de hoje. Jogariam por serem — exceto Garrincha —, já nas suas épocas, alem de ótimos jogadores, verdadeiros atletas do futebol. No caso especifico de Pelé, o melhor de todos, por ser atleta certamente faria o dobro de gols que fizera.

Profissional no fio da navalha!!

Não tenho conhecimento para dizer se em outras profissões também é assim, mas no mundo do futebol os técnicos já sabem que eles estão nos seus cargos sempre de forma interina. Nenhum deles pode bater no peito e falar: “aqui é meu lugar e ninguém tira”. O comum quando seus times entram em crise e não vencem nas competições é que eles estejam empregados em um dia e no outro estejam no olho da rua. Desta forma, todas as incompetências internas são descarregadas nas costas do treinador como forma de dar uma resposta para a torcida.

Não interessa o motivo e quais as razões fizeram o Coritiba mudar, se foram os números, desempenho, medo de cair para série B ou fazer média com a torcida. Entretanto, o torcedor coxa branca está eufórico com a chegada do técnico Ney Franco. Obviamente ainda tem em mente a primeira passagem do profissional pelo Couto Pereira.
Entendo que a troca se dá por dois motivos: em primeiro lugar pela péssima campanha que o time faz no inicio do brasileiro e pela surpreendente campanha que o seu rival Atlético Paranaense após a chegada do novo treinador. É inaceitável estar na zona de rebaixamento e seu rival liderando.

Como já era esperado, por ser praxe no futebol brasileiro, o que vale é o momento, são os resultados de campo que dizem se o técnico presta ou é incapaz. Assim, todo o trabalho feito pelo Marquinhos Santos no ano passado, salvando o Coritiba de ser rebaixado para a segunda divisão, agora foi descartado na lata do lixo.
Não vou entrar no mérito do trabalho realizado pelo Marquinhos Santos, ate porque não acho que o seu trabalho tenha sido de boa qualidade e não seria minha primeira opção, mesmo no ano passado. Já o critiquei varias vezes por discordar com algumas opções por ele adotadas, pela forma que se apresenta nas entrevistas e principalmente por expor em público alguns de seus jogadores.
Contudo, contratar um profissional, dar a ele a responsabilidade de tirar o time do buraco, oferecer-lhe uma possibilidade de realizar um trabalho em longo prazo e demiti-lo com cinco rodadas é uma profunda falta de inteligência, não apenas na hora da demissão, mas principalmente na contratação.

Há uma voz corrente no futebol atual que passa por planejamento. Em qualquer conversa de “boleiros”, o que se diz é que o sucesso de um time de futebol começa com a manutenção de um comando técnico. Senão vejamos a diferença de mentalidade dos nossos cartolas em relação ao escocês Alex Ferguson, treinador renomado que fez sucesso pelo Manchester United (Inglaterra). Ele foi conquistar o seu primeiro titulo depois de três anos de trabalho. Lá sim houve o chamado planejamento, o resto é tudo conversa fiada.
Marquinhos Santos pegou um time limitado no ano passado — aliás, faz tempo que o Coritiba produz elencos limitados. Ainda perdeu alguns de melhores jogadores, no caso Alex e Robinho, e as peças de reposição não deram resposta. Outros jogadores virão e agora poderão dar resultado com outro comando. E ai eu julgo ser uma tremenda injustiça com aquele que saiu.

Que futebol nós queremos?

PAPO DE BOTECO

Que futebol nós queremos?

Com a realização de três rodadas do Campeonato Brasileiro comecei a verificar o quanto a Copa do Mundo fez mal ao nosso futebol. Não quero falar dos desperdícios de recursos públicos nas construções das arenas multiusos, nos desvios de verbas que ocorreram e tampouco na inexistência do tão propalado legado físico pós-evento, pois, essa matéria já fora com demasia explorada pela mídia.

Um evento mundial como é a Copa do Mundo trata o futebol de forma diferenciada. De longe pode ser comparado às competições nacionais sejam eles quais forem. Por exemplo, querer que um torcedor de clubes de futebol seja parecido e comparado a um expectador de jogos de copa é no mínimo uma falta de inteligência. Essa comparação, simplesmente não existe porque um é o verdadeiro torcedor de futebol – aquele que faz a festa e dá brilho nos estádios – e o outro é…

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Que futebol nós queremos?

Que futebol nós queremos?

Com a realização de três rodadas do Campeonato Brasileiro comecei a verificar o quanto a Copa do Mundo fez mal ao nosso futebol. Não quero falar dos desperdícios de recursos públicos nas construções das arenas multiusos, nos desvios de verbas que ocorreram e tampouco na inexistência do tão propalado legado físico pós-evento, pois, essa matéria já fora com demasia explorada pela mídia.

Um evento mundial como é a Copa do Mundo trata o futebol de forma diferenciada. De longe pode ser comparado às competições nacionais sejam eles quais forem. Por exemplo, querer que um torcedor de clubes de futebol seja parecido e comparado a um expectador de jogos de copa é no mínimo uma falta de inteligência. Essa comparação, simplesmente não existe porque um é o verdadeiro torcedor de futebol – aquele que faz a festa e dá brilho nos estádios – e o outro é um publico de teatro e ou cinema que eventualmente de vai a um campo de futebol, (de quatro em quatros anos) e só sabe gritar: “Eu sou brasileiro com muito orgulho”.

Obviamente que o ponto positivo é a receita alcançada nesses eventos de vulto. Enriquecem ainda mais a FIFA e teoricamente movimenta a economia dos locais sedes. Contudo, querem que haja esse mesmo procedimento em competições locais, com a mesma prática de preços de ingressos é uma sandice sem tamanho e afugenta o torcedor.  O resultado dessas ações e a baixa média de públicos em quase todos os jogos.

O verdadeiro torcedor de futebol, diferentemente do que se prega atualmente, não é somente aquele que tem condições financeiras de se associar, aquele que tem a possibilidade de estar semanalmente na platéia de um teatro. É sim, aquele que com dificuldade entra na fila para comprar o seu ingresso e quando consegue o exibe como troféu e com certeza não viu uma só partida da copa realizada no Brasil.

Não sei o que será do nosso futebol nos próximos anos se continuar com essa mentalidade elitista e direcionada apenas a aqueles que podem consumir. As belas arenas estão sempre vazias. Os ricos são a minoria e geralmente não gostam de futebol, quem gosta e vive intensamente esse esporte é o povão.

Um estudo feito pela Pluri Consultoria em 2014 apontou que a ocupação dos estádios brasileiros não passa dos 39%. É uma media muito baixa considerada às medias de países ricos da Europa como Inglaterra e Alemanha. Contudo, desconsidera a situação econômica de cada Nação que não está no topo dessa avaliação.

A pesquisa aponta uma necessidade extrema que os clubes têm de cativar os seus torcedores. Infelizmente, as ações propostas pelos clubes são apenas as associações (Sócio Torcedor) e o incremento nos preços dos ingressos. Não há criatividade além dessas ações.  Creio que um bom trabalho de marketing aliado a preços mais convidativos faria com que o verdadeiro torcedor de futebol se fizesse presente.

Mauro Cesar, da ESPN Brasil, um dia questionou: “Será que um consumidor das arenas, que senta nas cadeiras e saboreia o seu Cappuccino se disporá a gritar 90 minutos em um jogo ás 10 da noite de uma quarta feira com temperatura de 4 graus em Curitiba só porque tem condições de pagar?” Obvio que não. Entretanto, se o ingresso for acessível, o verdadeiro torcedor de futebol lá estará e gritará até perder a sua voz para ajudar, jogará com o seu time.

Então, vamos deixar de pensar como europeus e viver a nossa realidade. O futebol precisa de torcedores que vivam o futebol e façam festas nos estádios e não de meros expectadores que consomem nas arenas, mas não sabem a diferença de um lateral e de um escanteio.

Tudo pelo poder!!

Desde os primórdios da humanidade as relações sociais entre indivíduos e grupos se deram visando o poder. As relações de poder podem ocorrer por dependência econômica, psicológica, emocional ou simplesmente por interesses comerciais dos grupos ou pessoas envolvidas em determinado setor.

O poder pode ser expresso e verificado em diversas relações sociais. É muito comum estabelecermos uma relação de poder na política, entretanto, em sentido mais amplo, podemos verificar que ele está inserido em várias dimensões da sociedade, inclusive no futebol.

Se procurarmos saber, a palavra poder vem do latim e diz que é capacidade de deliberar arbitrariamente, agir e mandar, apresentar soberania e consolidar o império. Também, o poder tem relação direta com a capacidade de produzir e realizar algo que outros foram incapazes de realizar.

Quando a busca de poder é o principal objetivo das pessoas dentro dos clubes, normalmente os indivíduos usam suas habilidades para persuadir as pessoas e dessa forma atingir suas metas e objetivos dentro da organização. Creio que embasado na teoria filosófica de alguns pensadores é que os cartolas paranaenses, ou melhor, os mandatários dos três times de Curitiba costumam agir.

Para Foucault, destacado pensador o poder é menos uma propriedade que uma estratégia. Seus efeitos não são atribuídos a uma apropriação, mas a disposições, a manobras, táticas, funcionamentos. Vejamos então a briga estabelecida dentro do Atlético Paranaense: Mario Celso Petraglia realizou coisas que os outros não conseguiram. Logo detém o poder. Por mais que se julgue dono de toda a estrutura, pelos seus feitos, não pode se apropriar do clube, pois tem estatutos e seus conselheiros fiscalizam suas ações.

Entretanto utiliza de táticas e manobras para eternizar o seu comando e se julga no direito de usar e abusar do clube.  Para ele, o poder exercido por todos é uma poder nulo como explica Thomas Hobbes. E que o poder deve ser exercido pelo mais forte. Então, venceu patrão!

Para Max Weber, poder seria a probabilidade de certo comando com um conteúdo específico ser obedecido por um grupo determinado. No Coritiba seria uma grande oportunidade de um novo grupo conquistar o poder pela realização como o fizera Mario Celso no Atlético Paranaense.

No entanto, o clube também sofre com as disputas internas pelo poder. Formou-se uma diretoria com novas idéias, um projeto a ser realizado em longo prazo e foram corrompidos pelas mazelas do poder em menos de cinco meses. Resultado disso são as dissidências de peças importantes na estrutura do clube.

E o Paraná Clube? Com objetivo de melhorar o ambiente, sanar as dívidas e colocar o clube em outro patamar e destituíram até seu presidente, o qual havia sido eleito legitimamente. Como explica a sociologia o poder é definido pela habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo que haja resistência por um determinado tempo. Assim, o presidente Bohlen suportou o quanto pôde, mas logo cedeu. A imposição feita pela força do poder econômico, neste caso também ficou muito bem evidenciado.

 

Sem comando!

Na cultura do futebol do futebol brasileiro, quando as coisas não estão acontecendo de acordo com as expectativas dos “donos” dos clubes, o primeiro a ser sacrificado é o treinador.

Muitas vezes, os gênios do nosso futebol, aqueles que se julgam maiores e melhores que todo mundo, são incompetentes e formulam um péssimo planejamento. O resultado são campanhas horrorosas nas competições que disputam e que servem para aflorar o descontentamento dos seus torcedores.

O planejamento do Atlético Paranaense para este ano foi feito para o time disputar o titulo de campeão brasileiro. Afinal, fizera uma pré-temporada de primeiro mundo na Europa e teve oportunidade de enfrentar grandes times na sua preparação. Logo, quando voltou para o Brasil, o que dele se esperava era que desse show. Infelizmente, os gênios erraram. Trocaram os pés pelas mãos e o show esperado não veio. Alias, veio sim, tivemos um show, mas um show de horrores.

Em todo esse tempo que vivo o dia a dia do futebol paranaense, nunca havia presenciado um time tão desorganizado. A desorganização ultrapassa as quatro linhas e invade os bastidores. Está ruim no gramado, com um time que não conseguiu disputar o campeonato como time grande que é, mas que disputou o “Torneio da Morte”. Não empolga na Copa do Brasil e sofrerá muito no Campeonato Brasileiro. Nos bastidores, comenta-se que as dividas estão se avolumando.

Para piorar, os sócios, por conta da péssima campanha, estão inadimplentes. Há uma baixa no volume de dinheiro em caixa e a diretoria não tem moral para pedir paciência aos seus torcedores. Pois, é uma torcida sofrida que pagou a sua sociedade mesmo quando o time era nômade e não tinha um estádio para mandar os seus jogos.

A coisa anda muito mal. De um lado, uma diretoria perdida sem saber o que fazer, mesmo achando que sabe tudo sobre futebol, sem dinheiro em caixa para investir, sem apoio dos seus conselheiros e com uma torcida que é fanática, porém está insatisfeita. De outro, o que importa ao torcedor, um time frágil, confuso, desorganizado em campo e principalmente com um comandante sem a mínima experiência para gerenciar um grupo com tamanhos problemas.

Hora da decisão!
O Campeonato Paranaense já acabou? O resultado de 2 a 0 foi suficiente para o Operário Ferroviário vencer a competição? O Coritiba vai conseguir reverter esse resultado negativo? São apenas algumas perguntas que fazem os torcedores de Coritiba e do Operário de Ponta Grossa.

Dias atrás, ao ser perguntado sobre quem era favorito a ganhar o titulo, eu disse que a palavra favoritismo, pela campanha que fizera e pelos números alcançados nas fases anteriores, melhor se aplicaria ao Coritiba. Contudo, a conquista do título passaria por uma boa partida, obviamente, com um bom resultado alcançado na cidade Ponta Grossa.

Com o resultado positivo conquistado pelo time do Operário, com os dois gols de vantagem, se me perguntassem se é possível que o Coritiba reverta essa situação, eu diria que sim. Entretanto, se você perguntasse se é provável, diria que não.
O Operário pode ate perder esse título e deixar de conquistar um feito inédito, perder a chance de entrar para a história. O time já cumpriu a sua missão, já alcançou os seus objetivos. Mas, por tudo aquilo demonstrou no decorrer da competição, pelo jeito que o grupo aprendeu a jogar e pelo técnico que tem, esteja certo, torcedor, que o time de Ponta Grossa será um adversário muito difícil de ser batido.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo

Querem acabar com os estaduais!

Há alguns dias, eu escrevi que as competições estaduais já foram muito fortes e já tiveram o seu charme. Entretanto, por conta de atitudes ditatoriais, por falta de gestão adequada, eles estão agonizando e muito próximos de serem descartados.
Os campeonatos estaduais em algumas praças sofrem com a falta de recursos financeiros, também pelo desinteresse dos grandes clubes de promover uma mudança. Desta forma, facilmente podemos encontrar os principais culpados por essa derrocada: os clubes que já têm um calendário definido para o ano todo e podem declinar de competir por três meses; e as federações, que estão falidas, que não conseguem produzir uma competição que seja viável financeiramente e são incapazes de administrar essa queda de braços.
Os clubes dizem que disputar seus campeonatos caseiros é uma perda de tempo. E somente serve para onerar o clube, cansar seus jogadores e atrapalhar sua preparação para as competições nacionais.
Não tenho dúvida que, em termos financeiros e técnicos, jogar uma copa regional, como Sul-Minas ou Rio-São Paulo, é muito mais interessante. Contudo, discordo frontalmente do fim dos campeonatos estaduais. Há de se construir uma fórmula que traga recursos financeiros e benefícios técnicos aos grandes times, os quais disputarão o Campeonato Brasileiro — e aí pode ser uma competição como a Sul-Minas. Mas também que integre e possa dar chances de crescimento aos pequenos times do interior.
Veja só: para o Atlético Paranaense, os estaduais não têm nenhuma importância. Ganhar o Paranaense nada agregaria na sua historia. Pura mentira. A sua péssima campanha já derrubou dois treinadores. Mas, mesmo que seja o único titulo que ele dispute com reais chances de vencer, qual foi a sua ultima conquista? Faz tempo: 2009.
No Rio Janeiro, os torcedores do Flamengo devem estar radiantes com a eliminação no Campeonato Carioca. Agora terão um tempo maior para se preparar para o Brasileirão.
O que dizer da torcida do Corinthians? A felicidade de ter perdido para o Palmeiras a classificação paras finais do “Paulistão” deve ser tão grande que não caberia na Arena Itaquera.
Os torcedores do Cruzeiro adoraram ser eliminados pelo arqui-rival Atlético. Gostaram tanto de perder que vão colocar uma estátua do atacante Lucas Pratto na entrada da Toca da Raposa.
Em Santa Catarina, os apaixonados pelo Avaí devem estar pensando: “que legal ver o Figueirense chegar a mais uma final”. E na Bahia, qual a chance dos torcedores do Vitória dizer: “que bom que o Bahia pode ser campeão novamente”?
Então, sou frontalmente contrário ao fim dos campeonatos estaduais. Não posso aceitar que tentem acabar com as rivalidades regionais, ainda mais quando somos incompetentes para disputar com os grandes no nacional.
Parafraseando o jornalista Antero Greco, acabar com os campeonatos estaduais é o mesmo que impedir os pequenos comerciantes de abrirem as portas do seu comercio com o argumento de que só podemos comprar em shoppings e hipermercados. Não há motivos para usarmos cabresto e sermos obrigados a comprar apenas nas grandes multinacionais. Não podemos acabar com os torcedores de times futebol e transformá-los em meros consumidores das modernas arenas multiusos.
Ao pedirem para acabar com os campeonatos estaduais, ao dizerem que esses três meses são prejudiciais aos grandes clubes e que os times do interior têm de ser fechados, essas pessoas, além de cometerem um crime ao futebol, estão induzindo os menos informados a achar que no Brasil devemos ter apenas 20 ou 30 clubes, querendo transformar o País do futebol em um terreno que só tem espaço para as multinacionais da bola.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo

Erros de arbitragem! Até quando?

A arbitragem no futebol brasileiro sempre foi um capítulo à parte. Todos os anos são incontáveis os erros que por muitas vezes decidem partidas, mudam o rumo de várias competições importantes. Enfim, podem ser decisivos na conquista de títulos por uma ou outra equipe. Tais falhas trazem como resultado reclamações de jogadores dentro de campo, dos técnicos fora dele, dos dirigentes nos bastidores, sem contar a tristeza e irritação dos torcedores.

É preciso entender que os erros fazem parte do jogo. É conduzido por um ser humano, o qual, mesmo tendo muita competência, é incapaz de monitorar sozinho todos os lances de uma partida.

Por esses motivos, há uma discussão interminável sobre a necessidade de se promover a profissionalização daqueles que são amadores dentro de um esporte que movimenta uma fábula de dinheiro e é muito profissional. Também é necessário avaliar a entrada da tecnologia no futebol.

No entanto, por vezes, chamam a nossa atenção o desleixo de alguns árbitros na condução das partidas. Eles cometem erros gritantes em lances de fáceis interpretações e, assim, deixam margem para comentários maledicentes.

Por exemplo, um estudo publicado pelo Correio Braziliense, em 2014, diz que existe uma forte tendência de os árbitros errarem em beneficio dos times mandantes. Dos 53 erros analisados, 70% foram marcados para times que jogavam nos seus domínios. Então, eles (os árbitros) são submetidos às pressões, ou seja, são “árbitros caseiros”.

Aqui no Paraná, quase todos os anos temos polêmicas de arbitragens. Felizmente, neste ano, poucos foram os erros. Mas, para não passar incólume nesse campeonato, no primeiro jogo da semifinal, em Londrina, entre Londrina e Coritiba tivemos muitos erros. Um em especial chamou atenção por ter feito a diferença no resultado final da partida. Foi pênalti claro no Negueba e o arbitro Selmo dos Anjos não marcou. Assim, confirmou o estudo do jornal. Se tivéssemos o recurso da tecnologia, obviamente esse tipo de erro seria evitado.

Aliás, os erros deste ano foram em favor do Londrina. Muito diferente dos erros ocorridos no mesmo Estádio do Café, em 2013. Naquela oportunidade o Coritiba foi beneficiado e contrariou o estudo feito pelo jornal.

Mas o que me causou surpresa foi o fato de o presidente da comissão de arbitragem, Afonso Vitor de Oliveira, ao ser questionado sobre o erro do árbitro, fazer a seguinte declaração: “eu ainda não vi o lance”. Ora, como pode um presidente de comissão de arbitragem, na hora de um jogo tão importante como era esse em questão, não estar presente no estádio? Ou pelo menos estar em frente à televisão e ligado no jogo para analisar o trio de arbitragem?

Meus amigos, para estar à frente de um cargo como esse é preciso gostar do que faz. Além disso, é dever de ofício estar atento a todas as ações dos envolvidos. É profundamente lamentável essa ausência. “Churrasco” é bom, mas não na hora de um jogo decisivo.