Querem acabar com os estaduais!

Há alguns dias, eu escrevi que as competições estaduais já foram muito fortes e já tiveram o seu charme. Entretanto, por conta de atitudes ditatoriais, por falta de gestão adequada, eles estão agonizando e muito próximos de serem descartados.
Os campeonatos estaduais em algumas praças sofrem com a falta de recursos financeiros, também pelo desinteresse dos grandes clubes de promover uma mudança. Desta forma, facilmente podemos encontrar os principais culpados por essa derrocada: os clubes que já têm um calendário definido para o ano todo e podem declinar de competir por três meses; e as federações, que estão falidas, que não conseguem produzir uma competição que seja viável financeiramente e são incapazes de administrar essa queda de braços.
Os clubes dizem que disputar seus campeonatos caseiros é uma perda de tempo. E somente serve para onerar o clube, cansar seus jogadores e atrapalhar sua preparação para as competições nacionais.
Não tenho dúvida que, em termos financeiros e técnicos, jogar uma copa regional, como Sul-Minas ou Rio-São Paulo, é muito mais interessante. Contudo, discordo frontalmente do fim dos campeonatos estaduais. Há de se construir uma fórmula que traga recursos financeiros e benefícios técnicos aos grandes times, os quais disputarão o Campeonato Brasileiro — e aí pode ser uma competição como a Sul-Minas. Mas também que integre e possa dar chances de crescimento aos pequenos times do interior.
Veja só: para o Atlético Paranaense, os estaduais não têm nenhuma importância. Ganhar o Paranaense nada agregaria na sua historia. Pura mentira. A sua péssima campanha já derrubou dois treinadores. Mas, mesmo que seja o único titulo que ele dispute com reais chances de vencer, qual foi a sua ultima conquista? Faz tempo: 2009.
No Rio Janeiro, os torcedores do Flamengo devem estar radiantes com a eliminação no Campeonato Carioca. Agora terão um tempo maior para se preparar para o Brasileirão.
O que dizer da torcida do Corinthians? A felicidade de ter perdido para o Palmeiras a classificação paras finais do “Paulistão” deve ser tão grande que não caberia na Arena Itaquera.
Os torcedores do Cruzeiro adoraram ser eliminados pelo arqui-rival Atlético. Gostaram tanto de perder que vão colocar uma estátua do atacante Lucas Pratto na entrada da Toca da Raposa.
Em Santa Catarina, os apaixonados pelo Avaí devem estar pensando: “que legal ver o Figueirense chegar a mais uma final”. E na Bahia, qual a chance dos torcedores do Vitória dizer: “que bom que o Bahia pode ser campeão novamente”?
Então, sou frontalmente contrário ao fim dos campeonatos estaduais. Não posso aceitar que tentem acabar com as rivalidades regionais, ainda mais quando somos incompetentes para disputar com os grandes no nacional.
Parafraseando o jornalista Antero Greco, acabar com os campeonatos estaduais é o mesmo que impedir os pequenos comerciantes de abrirem as portas do seu comercio com o argumento de que só podemos comprar em shoppings e hipermercados. Não há motivos para usarmos cabresto e sermos obrigados a comprar apenas nas grandes multinacionais. Não podemos acabar com os torcedores de times futebol e transformá-los em meros consumidores das modernas arenas multiusos.
Ao pedirem para acabar com os campeonatos estaduais, ao dizerem que esses três meses são prejudiciais aos grandes clubes e que os times do interior têm de ser fechados, essas pessoas, além de cometerem um crime ao futebol, estão induzindo os menos informados a achar que no Brasil devemos ter apenas 20 ou 30 clubes, querendo transformar o País do futebol em um terreno que só tem espaço para as multinacionais da bola.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo

Erros de arbitragem! Até quando?

A arbitragem no futebol brasileiro sempre foi um capítulo à parte. Todos os anos são incontáveis os erros que por muitas vezes decidem partidas, mudam o rumo de várias competições importantes. Enfim, podem ser decisivos na conquista de títulos por uma ou outra equipe. Tais falhas trazem como resultado reclamações de jogadores dentro de campo, dos técnicos fora dele, dos dirigentes nos bastidores, sem contar a tristeza e irritação dos torcedores.

É preciso entender que os erros fazem parte do jogo. É conduzido por um ser humano, o qual, mesmo tendo muita competência, é incapaz de monitorar sozinho todos os lances de uma partida.

Por esses motivos, há uma discussão interminável sobre a necessidade de se promover a profissionalização daqueles que são amadores dentro de um esporte que movimenta uma fábula de dinheiro e é muito profissional. Também é necessário avaliar a entrada da tecnologia no futebol.

No entanto, por vezes, chamam a nossa atenção o desleixo de alguns árbitros na condução das partidas. Eles cometem erros gritantes em lances de fáceis interpretações e, assim, deixam margem para comentários maledicentes.

Por exemplo, um estudo publicado pelo Correio Braziliense, em 2014, diz que existe uma forte tendência de os árbitros errarem em beneficio dos times mandantes. Dos 53 erros analisados, 70% foram marcados para times que jogavam nos seus domínios. Então, eles (os árbitros) são submetidos às pressões, ou seja, são “árbitros caseiros”.

Aqui no Paraná, quase todos os anos temos polêmicas de arbitragens. Felizmente, neste ano, poucos foram os erros. Mas, para não passar incólume nesse campeonato, no primeiro jogo da semifinal, em Londrina, entre Londrina e Coritiba tivemos muitos erros. Um em especial chamou atenção por ter feito a diferença no resultado final da partida. Foi pênalti claro no Negueba e o arbitro Selmo dos Anjos não marcou. Assim, confirmou o estudo do jornal. Se tivéssemos o recurso da tecnologia, obviamente esse tipo de erro seria evitado.

Aliás, os erros deste ano foram em favor do Londrina. Muito diferente dos erros ocorridos no mesmo Estádio do Café, em 2013. Naquela oportunidade o Coritiba foi beneficiado e contrariou o estudo feito pelo jornal.

Mas o que me causou surpresa foi o fato de o presidente da comissão de arbitragem, Afonso Vitor de Oliveira, ao ser questionado sobre o erro do árbitro, fazer a seguinte declaração: “eu ainda não vi o lance”. Ora, como pode um presidente de comissão de arbitragem, na hora de um jogo tão importante como era esse em questão, não estar presente no estádio? Ou pelo menos estar em frente à televisão e ligado no jogo para analisar o trio de arbitragem?

Meus amigos, para estar à frente de um cargo como esse é preciso gostar do que faz. Além disso, é dever de ofício estar atento a todas as ações dos envolvidos. É profundamente lamentável essa ausência. “Churrasco” é bom, mas não na hora de um jogo decisivo.

Pra que servem as federações?

Acompanhei atentamente, na ultima semana, a briga de alguns clubes do Rio de Janeiro contra a sua Federação. O técnico Vanderlei Luxemburgo fez muitas críticas à situação atual do Campeonato Carioca, o fez de maneira positiva e foi vítima de atos ditatoriais, foi punido e ficou de fora do clássico Fla-Flu. Também, acompanhei a balburdia que foi a eleição na Federação Paranaense de Futebol. Porém, de longe, essas polêmicas podem ser consideradas privilégios desses dois estados.
Há uma reclamação — por que não dizer uma insatisfação geral — pelo modelo de gestão adotado por aqueles que têm a incumbência de administrar o nosso futebol. Também, pela maneira que as federações tratam seus afiliados, pois tiram demais e que oferecem de menos. Alias, você já teve oportunidade e ou curiosidade de ver um fechamento de bilheteria, o famoso “borderô”?
As competições estaduais já foram muito fortes e já tiveram o seu charme. Entretanto, por conta de atitudes ditatoriais, elas agonizam e estão muito próximo de serem encerradas.

No Paraná, o nosso quintal, é preciso saber: o que aconteceu com times tradicionais, como União Bandeirante, Grêmio Maringá, Matsubara, Apucarana, Platinense e Batel, entre outros? Ora, simplesmente desaparecem sem que a “mãe” deles tomasse qualquer tipo de providência. Os times amadores sobrevivem por conta do trabalho de abnegados. A Taça Paraná, que era a maior competição amadora do país, respira por aparelhos. E o que falar das Ligas no interior?
Em Minas Gerais, a Federação Mineira não respeita Cruzeiro e Atlético Mineiro, os quais têm compromissos internacionais, pela Copa Libertadores, e ainda assim terão de enfrentar uma maratona e jogar uma semifinal do campeonato.
Em São Paulo, o regulamento esta sendo rasgado. A Federação Paulista de Futebol havia definido que apenas dois dos três grandes da capital jogariam em casa nas quartas de final. Entretanto, no meio do caminho mudou de ideia e todos poderão jogar dentro de casa.
É preciso falar também que a federação de futebol do Estado de São Paulo permitiu que clubes importantes fechassem suas portas por falta de apoio, incentivo e proteção. O que fizeram com o XV de Jau, União São João? Outros também estão na UTI, como Novorizontino, Taquaritinga, Juventus, Comercial, São Jose, Guarani, Ferroviária e Inter de Limeira, entre outros.

Alguns pontos a serem analisados e questionados: qual é a função de uma federação estadual de futebol? O que tem de bom nela que ninguém quer abrir mão de ser presidente? E se possível for, por que um mandato tem que ser eterno?
Então, por que os clubes grandes do nosso futebol são tão omissos e não se rebelam? E na hora de votar não se unem para buscar um bem comum?
No caso dos times paranaenses, gaúchos, mineiros, paulistas e cariocas, hoje eles reclamam e pensam na possibilidade de criar uma liga de clubes. Obviamente, há tempo para mudanças e eles têm todo o direito de reclamar do atual status quo, pois, a ditadura faz tempo que acabou.
Não existe dúvida que jogar uma copa regional, como Sul-Minas ou um Rio-São Paulo, é muito mais interessante, tanto na parte técnica como financeiramente. Contudo, todos esses times que ora estão revoltados, quando tiveram oportunidade de mudar o curso da historia do nosso futebol, sem maiores explicações abriram mão da mudança e fracassaram. O motivo eu não sei.